segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A contribuição das formigas no equilíbrio ambiental

Raquel Brandão*
As formigas são um tipo de animal artrópodes. Elas vivem em sociedade de forma bem diferente de nós, a milhares de anos. Enquanto algumas poucas reproduzem, a maioria delas está na função de operária, trabalhando na busca por alimento para o formigueiro e no transporte desse alimento para a colônia. Isto é, elas dividem as tarefas de forma que nenhuma delas passe necessidade, e a perpetuação da espécie está sempre sendo cuidada.
Outra característica específica das formigas – que foi o que me motivou a escrever este artigo – está intimamente relacionada com o planeta Terra e a temperatura do ambiente: enquanto, incansáveis, constroem túneis que as façam chegar mais rapidamente e com segurança no centro de armazenagem do alimento no formigueiro, elas contribuem para a redução da temperatura da terra e conseqüentemente para a perpetuação de todas as espécies de seres vivos.
Dizem os estudos sobre o inseto que, quando elas trabalham de forma redobrada, é porque nuvens e tempestades estão prestes a ocorrer. Assim elas garantem o alimento por vários dias, protegidas do frio. Talvez seja esse o motivo pelo qual chamamos os outros e a nós mesmos por formiga, quando nos vimos incansáveis diante do trabalho.
O ponto de questionamento que nos fez pensar e repensar essas questões, esbarra na realidade da proliferação cada vez maior destes insetos e na incompreensão humana observada com estes animais até então. Certamente que poderia citar uma meia dúzia de ocasiões em que presenciei o respeito para com as tais apreciadoras de açúcar e restos de alimentos, como por exemplo, o dia em que trabalhando no planejamento estratégico de uma organização não-governamental, admirei-me com a atitude da presidenta, quando ao invés de esmagar as benditas trabalhadoras, espantou-as batendo com o talher no açucareiro, de forma que elas se dispersaram. Recentemente, em outra ocasião e instituição, vi pessoas tentando se esquivar de esmagá-las no caminho, demonstrando sensibilidade admirável para com as trabalhadeiras.
Atitudes como esta podem servir de riso em alguns momentos, mas olhando com carinho certamente serviria de educação ambiental a vários interessados no assunto e aprendizes das relações ambientais. Por que não aprendemos com elas a nos defendermos das catástrofes, ou tragédias que poderiam ser evitadas se ao virmos uma quantidade exagerada das minúsculas, incessantes no trabalho, lembrássemos que deveríamos também nos precaver?
Uma pena porque será que um dia nos arrependeremos, mais do que hoje, pelo aquecimento global, pela nossa incompreensão com os bichinhos minúsculos, que trabalham incessantes no sentido de se perpetuarem instintivamente e que acabam nos auxiliando nessa empreitada? Certamente pensaremos em por quê não deixamos, elas, as formigas viverem mais, para que também nós possamos viver mais e melhor? Por que não deixamos elas viverem em paz, nos seus caminhos de ventilação, que ajudam a terra respirar e entrar água no solo? E em por quê elas continuam nessa árdua tarefa sem a nossa ajuda, trabalhando sem nem pensar que podem ser esmagadas a qualquer momento? É uma pena, mas é a diferença entre nossa evolução e a evolução delas, acredito que os outros animais tenham mais consciência ambiental que nós, seres humanos. Mas não desisto, acredito que ainda podemos melhorar, por isto, estas palavras.
*jornalista e consultora do terceiro setor em Alagoas

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